sábado, 29 de agosto de 2015

ORGULHO E PRECONCEITO - Jane Austen

"'É verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de boa fortuna deve estar necessitado de esposa.'
É com essas palavras que Jane Austen inicia Orgulho e preconceito, conduzindo o leitor diretamente ao lar dos Bennet, família com não menos que cinco noivas em potencial: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. Quando o Sr. Bingley e o Sr. Darcy, dois jovens distintos, chegam a Hertfordshire, todos ficam em alerta: eles são solteiros, bonitos e, claro, donos de uma boa fortuna. O que poderia ser uma típica história de amor é, nas mãos de numa das escritoras de língua inglesa mais difundidas pelo mundo, um espetáculo de grandes personagens e diálogos sagazes, com um timing perfeito para a ironia.
Jane Austen desafiou as convenções sociais ao criticá-las pelas entrelinhas, pontuando seus livros com toques de humor que só uma observadora perspicaz e brilhante escritora poderia unir. Suas histórias, passadas na Inglaterra da virada do século XVIII para o XIX, falam para os leitores de todas as épocas."

Fonte do texto: AUSTEN, Jane. Orgulho e preconceito. Porto Alegre: L&PM, 2010.(contracapa)

Título original: Pride and prejudice (1813)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A MADONA DE CEDRO - Antônio Callado

"Problemas do homem, 
a fé, o amor, o crime, o medo, 
jogados na estranha e mágica 
paisagem do interior mineiro, 
constituem o centro de interesse de 
A Madona de Cedro.
Figuras excepcionais povoam o livro de 
Antônio Callado,
destacando-se, dentre elas, 
o Padre Estêvão, 
Juca Vilanova, de diabólica presença, 
Delfino Montiel e 
Marta, estímulo e redenção do homem 
- personagens esses que movimentam 
uma história de libertação e contagiante humanidade."

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

AINDA RESTA UMA ESPERANÇA - J. M. Simmel

 


 "Um livro que é uma obra-prima de aventura, de otimismo e de observação irônica do cotidiano de cada um."

FAREWELL - Carlos Drummond de Andrade


"FAREWELL é o último livro de Carlos Drummond de Andrade, o testamento e o adeus (farewell em inglês) do poeta. Drummond deixou-o pronto para publicação, protegido por uma pasta de cartolina, apenas alguns dias antes de morrer em 17 de agosto de 1987. São 49 poemas que Drummond deixou organizados em ordem alfabética, sendo a única exceção o poema de abertura, "Unidade". Destes 49 poemas, 47 nunca tinham sido publicados antes. O tom de despedida é claro. FAREWELL é a despedida poética de Drummond (...)."



O LOBO DO MAR - Jack London


“Poucos dias antes de completar dezessete anos, após mais uma bebedeira, Jack London caiu na água e só não morreu porque foi resgatado por um pescador. Logo após esse episódio, embarcou no Sophia Sutherland, barco destinado à caça de focas no Pacífico. Essas duas experiências estão retratadas de maneira visceral em O lobo do mar. Lançado em 1904, um ano depois de O chamado na floresta - ambos publicados com estrondoso sucesso -, este romance mostra o embate entre Humphrey van Weyden, o homem das letras, e Wolf Larsen, o implacável capitão do Ghost, e a luta que eles travam para sobreviver às tempestades e outros riscos mortais em alto-mar. Nos vívidos diálogos entre Larsen e Van Weyden, Jack London revive seus próprios questionamentos e produz uma soberba alegoria sobre a humanidade, o instinto de sobrevivência e o heroísmo.

domingo, 31 de julho de 2011

A CASA DOS ESPÍRITOS - Isabel Allende


Por Ema Dias dos Santos
    Numa narrativa em que realidade e ficção se misturam, a "casa dos espíritos" é o principal cenário onde se desenrola a saga da família Del Valle/Trueba, através da qual a autora dá seu testemunho sobre a história do Chile no século XX até a década de 70.
Conforme afirma Alexandra Gomes, em seu artigo “A Casa dos Espíritos”, Isabel Allende começou a escrever a obra em 1981, como uma espécie de carta de despedida para seu avô, que estava à morte. As referências a fatos e pessoas reais perpassam toda a narrativa: o golpe militar; o assassinato do Presidente Salvador Allende (tio da autora), que no livro aparece como o “Presidente”; o carisma, a obra e a morte do poeta Pablo Neruda, denominado apenas de “O Poeta”; a trajetória do cantor revolucionário Victor Jara, através do personagem Pedro Tercero – o qual, entretanto, terá um destino melhor na ficção do que a tortura e o assassinato que, na verdade, seu inspirador sofreu.
Mas, apesar de tanta e tão dura realidade, o tom fantástico impera. Misticismo, espiritualidade, mitologia e simbologias são aspectos muito presentes, relacionados sobretudo às personagens femininas. 
Embora o personagem principal seja o duro patriarca Esteban Trueba, as mulheres têm personalidades fortes e são decisivas para o movimento da narrativa. Esses dois universos estarão em constante conflito. Desde a bisavó de Alba, Nívea Del Valle, que lutava pelo direito ao voto feminino e ao acesso à instrução; passando pela avó Clara que, a despeito do marido, continuou essa luta; pela mãe Blanca que também se preocupou com os excluídos e, além disso, desafiou o pai em nome de seu amor; e pela própria Alba – uma das principais vozes que narra esta história polifônica, e na voz de quem se encerra a narrativa – a qual desenvolveu uma intensa atividade de apoio aos perseguidos pela ditadura, até cair ela própria nas mãos da polícia política. São todas mulheres que, em nome do que acreditavam, enfrentaram, não apenas a força do patriarcado – personificado na figura de Esteban -, mas também o conservadorismo da alta sociedade chilena.
 E é através de uma personagem feminina que, talvez, nos venha uma das grandes reflexões provocadas por este livro. É Clara quem nos ensina, com simplicidade e sabedoria, que precisamos aceitar nossos filhos em sua singularidade. A empatia estabelecida entre ela e seus filhos contrasta com a distância que existe deles em relação ao pai, e lhe permite uma relação bem mais próxima e profunda do que poderia ter obtido se tivesse optado por submetê-los à adaptação às expectativas externas. Ela tem a coragem de colocar os sentimentos de seus filhos acima de qualquer programa educativo.
Mas a maior lição, mesmo, advinda desta leitura, em minha opinião, é a da inutilidade do ódio. Mesmo a truculência de Esteban Trueba vai se modificando, permitindo-lhe relações diferentes com Pedro Tercero, com a neta Alba, com o espírito de Clara, e consigo mesmo. No final, há um trecho muito eloqüente em que Alba registra, magistralmente, essa compreensão:

“Será para mim muito difícil vingar todos os que têm de ser vingados, porque a minha vingança não seria senão outra parte de um rito inexorável. Quero pensar que o meu ofício é a vida e que a minha missão não é prolongar o ódio.” (p.468)



Sobre a obra, veja também os artigos de Alexandra Gomes (http://booklovers.blogs.sapo.pt/987.html) e de Cláudia de Sousa Dias (http://hasempreumlivro.blogspot.com/2008/11/casa-dos-espritos-de-isabel-allende.html).  


(La casa de los espiritus, 1982.)

sexta-feira, 25 de março de 2011

O FIO DA NAVALHA - William Somerset Maugham

Por Ema Dias dos Santos


William Somerset Maugham é tido como um grande contador de histórias. Em seus livros não há grandes exercícios experimentais e malabarismos com a linguagem ou com a estrutura. São narrativas relativamente convencionais, tradicionais, com uma unidade, em linguagem objetiva e simples. Isso lhe rendeu um certo menosprezo da crítica. Ao que consta, ele mesmo chegou a afirmar que podia ser considerado “um escritor dos melhores entre os escritores da segunda fila”
Entretanto, o que há de melhor, nesta obra, transcende o aspecto formal. O escritor coloca-se como um dos personagens, e, embora a voz que narra a história seja a sua, ele consegue fazer com que isso não inviabilize uma polifonia que talvez seja um dos pontos altos da narrativa. A relação do autor-personagem-narrador com os demais personagens, a empatia com que compreende o que é essencial, vital para cada um, conseguindo superar os julgamentos externos e até mesmo internos, a forma como lida com as diferenças, permite que o leitor veja a integridade e/ou coerência com que cada personagem se comporta para equilibrar-se sobre o fio da navalha que é a vida, cada qual dentro de valores próprios, sem renunciar a seus princípios.
O grande personagem do livro é Larry Darnell, um indivíduo em busca de si mesmo, à procura de respostas para questões fundamentais, que, corajosamente, alheia-se das cobranças externas, renunciando ao conforto material, colocando-se ao largo dos signos sociais de sucesso para buscar suas próprias significações. Conforme Vicente Franz Cecim, em artigo sobre a obra: “Larry Darnell, aquele que preferia não-viver a vida por fora, que estava indisponível para as seduções & armadilhas externas, pois preferia viver a vida vivendo-se: isto é, por dentro. O que é uma arte muito sutil.” Os caminhos que trilha são vários, empíricos e teóricos, passando pela filosofia, pela teologia e pela literatura. 
Essa associação – recorrente na literatura universal (veja-se Dom Quixote, Emma Bovary e Ana Karênina, para citar apenas alguns exemplos) - entre o estudo e a leitura com personagens que fogem à ordem estabelecida por meio de seus questionamentos e comportamentos é colocada de forma crítica num diálogo em particular, entre o personagem-escritor e Larry (p.35): 

- Bom, você sabe que, quando uma pessoa não consegue fazer nada, vira escritor – disse eu com uma risadinha.

- Não tenho talento. 

A ironia com que o autor explicita uma visão limitada do trabalho intelectual (presente em outros ditos, tais como neste sobre a profissão de professor: “Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina.”), é prontamente respondida pela honestidade de Larry, que coloca de modo objetivo e incisivo a necessidade de ter talento, ou seja, o trabalho intelectual exige a mobilização de aptidões especiais que poucos realmente têm (ou desenvolvem, pois até que ponto talento é inato ou se constrói, já rende outra discussão...). 
“O fio da navalha”, publicada em 1944, é uma das obras mais conhecidas do escritor, que morreu aos 91 anos, depois de ter morado em diversos países como a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a Rússia, os Estados Unidos e a França. 



Sobre a obra, veja também os artigos de Vicente Franz Cecim "Somerset Maugham: no fio da navalha" (www.revista.agulha.nom.br/ag21maugham.htm) e de Valdemir Pires (www.letraselivros.com.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=296). 


(The razor's edge, 1944.)

O fio da navalha. Tradução de Ligia Junqueira Smith. Porto Alegre: Globo, 1979 (351 páginas)